quarta-feira, 29 de julho de 2009

Esboço - Parte um

Antes de serem felizes, pessoas se apaixonam e desapaixonam repetidas vezes. É o que acontece com a maioria, os que acreditam no amor e nos mistérios de contos de fada. Fadas estavam por perto quando algo deu errado, viram, sentiram, aprenderam com a dor, tomaram-na em seus braços e a curaram para que o conto pudesse acontecer. Todas as vezes que ajudavam a curar corações, tinha alguém destruindo outro. A falta de esperança foi matando-as aos poucos até sobrar uma, que perdeu a fé, o afeto e a família. Ficou para instruir e ajudar os humanos que nunca aprendiam a amar. Perdeu a sensibilidade (que por ironia) surtiu maior efeito, os humanos passaram a valorizar-se tanto, que seus relacionamentos começaram a dar certo. Cada vez que via que o ego era mais atrativo, entendia menos o mundo. Aposentou-se.
Recolhida em sua casa durante o inverno, assistia televisão e ouvia música, aquilo a preenchia mais que conversar por aí com alguém, desvalorizou a raça humana por completo. Em meio as suas análises, pela primeira vez, entendeu sua real solidão, de relacionamentos superficiais e seu coração oco. Nunca havia amado, viu tanto disso, pessoas que se apaixonavam todos os dias por alguém diferente, sentiu pena deles antes, mas pena sentia de si própria agora, nunca amou e estava sozinha, era a ultima de sua espécie. “Como posso eu morrer sem amar? Como posso ter tido uma vida sem amor? Como não me dei conta?”. Obcecada com seu destino infeliz, procurou em todos os lugares por outro como ela, de sua espécie, mas nada, passou meses na ânsia de encontrar e não achou ninguém. Voltou a trabalhar para ocupar o vazio.

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