sexta-feira, 15 de outubro de 2010

2006 - O fundo do oceano

Perdida no fundo do oceano sentou-se em uma pedra qualquer, sem saber pra que lado nadar, sem saber onde havia ar. Não enxergava um palmo diante do nariz e ficou confortável ali no fundo, esperando a morte vir.
Prestes a se afogar, sentiu uma mão tocar seu ombro esquerdo e lhe puxar pra junto de seu corpo lhe dando o ar que trazia dentro de si da superfície em um doce beijo. O amor nasceu ali e sentiu vontade de nadar.
Lembrou da praia e como seria respirar olhando o céu. Nadou. Deu a mão ao salvador que conhecia bem o caminho e nadou. Entre a pedra e a superfície, tentava fazer planos, mas só pensava em conhecer o rosto que lhe beijou junto da pedra no fundo do oceano e por quem ela havia se apaixonado. Mas enquanto se esforçava pra subir, percebeu: ele não estava mais nadando. E parou de nadar também. Ele a puxou de novo para junto de si e a beijou da forma mais delicada que possa existir, depois afundou.
Ela nunca soltou a mão dele e os dois afundaram juntos. Mesmo sem nunca ter visto seu rosto, ela sabia que aquele era o único amor que valia a pena lutar, ele foi o único por quem ela quis nadar. Voltou pra pedra que estava sentada antes e muitas mãos já tocaram seu ombro, mas nunca mais se virou. Ela continua abraçada ao seu amor morto no fundo do oceano.

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