quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Os 21.

Faltando uma semana pra eles chegarem, as coisas começam a bagunçar, coisas velhas batendo na porta, mais uma semana pra concertar tudo. Nenhuma luz ascendeu, nenhum pedreiro animou meu dia, nem sequer choveu, só faz calor nessa droga de semana em que tudo é tão pouco eu e inadequado ao meu momento. Essa deve ser a idade limite pra parar de esperar a vida acontecer e ir atrás dela. Sem ter tempo pra nostalgia. O que vai acontecer quando os vinte um chegarem?
O tempo passa, a favor ou não, ele está passando e tem tanta coisa que eu gostaria de fazer e tanto para arrumar. Onde vou colocar todas as frustrações tardias, todas as inseguranças ocultas, todas as manhas disfarçadas, todos os segredos, onde vou poder esconder isso com vinte e um, essa é a idade decisiva, preciso dar um jeito em mim, ser a mulher bem resolvida do manual e que eu preciso ser com vinte e um anos. Não dá pra dizer isso em voz alta, é surreal. Será que eu ainda tenho 21 amigos, um pra cada ano de vida? Será que com vinte um eu ainda vou ser a garotinha geniosa da casa? Será que com vinte um esse relacionamento com o ioiô-namorado ainda vai existir? E agora, uma música que diz: “I want to break free” começou a tocar... cabe.
O sonho antes era, especificamente, liberdade, é o que eu quero de aniversário. É possível se libertar da cobrança dos pais, dos amigos, do namorado, da nossa própria e até dos desconhecidos? Será que com vinte um eu vou ter um dia glorioso, totalmente livre de todos os conceitos, existe mágica nesse número? Estremeço em dizer que foram poucos os dias felizes como esses, os que antecedem os vinte e um, me sinto estranha com positividade, sou tendenciosa ao caos. Com vinte e um anos não dá pra correr da felicidade, tem que olhar nos olhos dela e convidar o que esteve distante de você a vida toda pra entrar e, quem sabe, se mudar. Certamente os vinte e um são para grandes feitos, quem sabe um emprego que me dê autonomia.
Vinte e um é para dar alguns chutes em algumas bundas no meu caminho, a primeira vez que meu cabelo conheceu minhas costas, um ano vaidoso, mas para mim, um ano todo meu. Espero ter alguma coisa melhor para dizer na companhia deles, os vinte e um aniversários que eu já fiz. Talvez uma aventura, um presente, uma surpresa, uma descoberta, uma constatação, espero que sejam apenas coisas positivas, já me acostumei mal. Essa semana de preparação me deixou emotiva e ofuscou minha lógica para todos os sentidos, apesar de querer todas as coisas que os vinte e um podem me dar, não quero envelhecer um ano, eu sempre lembro que beijei meu primeiro cara cedo, com oito anos, mas todo o resto foi tarde namorei com 17, a primeira vez eu não digo mesmo, só os ‘really specials’ sabem (foi em um carro). Até a menstruação veio tarde, só aos 15, o mesmo ano que parei de correr com os meninos na rua e parei de brincar de boneca, eu curti a infância, a adolescência, até me apaixonei por um colega e consegui beijar o cara, tenho orgulho das minhas vitórias tardias e os vinte e um, seus significados, sua maturidade, parece que vieram antes, mas estou preparada e compensei cada atraso, que venham.

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